A Trilha Cassino Barra do Chuí integra a Trilha Nacional do Oiapoque à Barra do Chuí, da Rede Brasileira de Trilhas. O trajeto percorre 223km no extremo sul, no Rio Grande do Sul, nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande. 

O caminho pode ser feito a pé, de bicicleta ou a cavalo, que permite que o viajante emerja consigo, diante de ambiente rústico e com pouca interferência humana, não há hotéis, pousadas, lojas, sinal de telefone… A Trilha é repleta de belezas e fenômenos naturais, rica em fauna e flora, que resulta no principal atrativo, a conexão no momento presente que possibilita uma expansão individual.

O visitante percorre entre conchas, dunas, naufrágios e faróis, pela zona de amortecimento da Estação Ecológica do Taim, principal Unidade de Conservação do trajeto e, próximo à Lagoa Mangueira. A melhor época de percorrer pelas areias do Albardão (Farol mais ao sul do país) é entre os meses de setembro e abril, devido às condições climáticas do local, que impossibilitam um possível resgate. Recomendamos a leitura do Guia Interpretativo, disponibilizado gratuitamente nos canais oficiais da Trilha. 

Na última era glacial o mar recuou 70 km de onde está, depositando resquícios de fósseis da megafauna (extinta) na região do concheros, que se estende da Praia do Hermenegildo à 20 km ao sul do Farol do Albardão. São muito encontrados fragmentos ósseos de preguiças gigantes, tigres de dente de sabre, gliptodontes e dentes de tubarões fossilizados. 

Até meados dos anos 60, a Trilha Cassino Barra do Chuí conectava o município de Santa Vitória do Palmar ao restante do Brasil, pelo litoral. O ônibus transportava as pessoas e mercadorias uma vez por semana, quando o tempo permitia. As viagens eram sempre desafiadoras, poderiam durar 10 dias, devido ao atolamento do ônibus no percurso. Na época, haviam dois hotéis na costa para apoio dos viajantes, que hoje, restam apenas ruínas destas estruturas. 

Há estudiosos que acreditam que a Trilha situa-se exatamente onde ficavam os “Campos Neutrais”, considerada uma zona de amortecimento entre Portugal e Espanha pelas terras. Foi em 1777 pelo tratado de Ildefonso que as Missões foram devolvidas aos portugueses e de Colônia, aos espanhóis. Ficou estabelecido que a desembocadura da Lagoa dos Patos para o sul, e do Arroio Chuí para o norte, seria uma zona neutra, que nenhum dos dois exércitos poderiam passar.

A costa ficou conhecida como “terra de ninguém”, onde corsários, fugitivos da lei, escravos fugitivos e desertores ocuparam esta área. Na época havia um intenso tráfego de navios, de várias nacionalidades, que estes “foras da lei” desenvolviam um plano para saquear os navios.

Até 2012 a Trilha era praticamente desconhecida pelos brasileiros e inimaginável de ser comercializada, até que um caminhante concluiu a trilha sozinho e mudou de vida. A experiência fez com que abandonasse sua profissão e incentivasse que outras pessoas vivessem aquela experiência. A divulgação alcançou uma empresa de TV nacional, que despertou o interesse em fazer uma reportagem.