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A importância das trilhas de longo curso na Amazônia

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Iniciativas como a Trilha Chico Mendes, a Rota Guarumã, Trilha Amazônia Atlântica e os Caminhos do Rio Negro foram destaques no painel sobre as trilhas na maior floresta tropical do mundo.

 Pegada que representa a Trilha Chico Mendes, pioneira na Amazônia. Foto: Duda Menegassi

Na última terça-feira (17/11/2020), durante a live promovida semanalmente pela Rede Brasileira de Trilhas e ((o))eco, o debate da vez foi sobre a importância das trilhas de longo curso na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, e o papel do ecoturismo na redução das ameaças ao bioma e para geração de renda para as comunidades tradicionais através do turismo de base comunitária. 

Para o painel foram convidadas três lideranças da região que estão colocando a mão na massa para tornar essas trilhas uma realidade prazerosa, que promova a geração de emprego e renda e, claro, a conservação da natureza. Eram elas: o coordenador da Trilha Amazônia Atlântica, Júlio Meyer, que também integra o corpo de diretores da Rede e é Servidor da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará; a analista do ICMBio Josângela Jesus, coordenadora da câmara técnica de visitação do Mosaico do Baixo Rio Negro e uma das responsáveis pelos Caminhos do Rio Negro; e o também analista Fernando Maia, da Reserva Extrativista Chico Mendes, liderança na implementação da Trilha Chico Mendes.

Na primeira rodada de perguntas, Júlio explicou o papel que as instituições estaduais e municipais, além das organizações da sociedade civil e voluntários, possuem na implementação da Rede Brasileira de Trilhas. Ele destacou que essa é uma iniciativa de todos os brasileiros, dando como exemplo a Rota Guarumã e a Trilha Amazônia Atlântica, ambas no Pará, que foram idealizadas e estão sendo lideradas pelo IDEFLOR, órgão responsável pela gestão estadual das unidades de conservação.

Em seguida foi a vez de Fernando contar um pouco sobre a Trilha Chico Mendes, no Acre. Essa trilha é uma das pioneiras do Brasil e uma das primeiras de longo curso a ser implementadas no país e sob o dossel da Floresta Amazônica. Ele destacou o fato desta trilha estar inserida em uma Reserva Extrativista e com possuir um grande componente cultural e histórico, para além do ambiental. Essa característica é bastante marcada na experiência do caminhante, que conhece um pouco dos ciclos econômicos da região — marcada pelo ciclo da borracha e que hoje se baseia na extração da castanha –, dos conflitos e disputas territoriais para própria criação da reserva, assim como a vida dos moradores e suas lideranças comunitárias.

 Os Caminhos do Rio Negro, no Amazonas, intercalam trilhas aquáticas e terrestres. Foto: Duda Menegassi

Na sequência, Josângela falou da implementação dos Caminhos do Rio Negro e de como ocorre a relação entre a trilha aquática e terrestre, em virtude dos períodos de inundanção da floresta. Ela destacou ainda as fases de implementação e uso da trilha.

O painel se encaminhou então para uma discussão sobre a função da Trilha Amazônia Atlântica como conexão do nordeste com o norte, tanto em termos de ecossistema, quanto de cultura e de visão geopolítica. Júlio apontou que os trabalhos no Pará podem ser o elo da Trilha Oiapoque-Chuí, e também falou das perspectivas para a expansão das pegadas amarelas e pretas na região.

Outro assunto em destaque na conversa foi o fato do turismo de natureza ainda ser pouco explorado na Amazônia brasileira, realidade diferente de outros países da Bacia. Josângela apresentou as perspectivas dos Caminhos do Rio Negro como indutores de desenvolvimento para as comunidades locais, destacando os desafios e oportunidades para o fortalecimento da trilha.

Na mesma perspectiva, Fernando destacou como a Trilha Chico Mendes tem se tornado referência internacional na atração de turistas e os desafios para expandir o mercado.

Para finalizar, foi destacada a importância da Rede e suas trilhas como ferramenta de valorização do patrimônio natural e cultural da região, possibilitando o fortalecimento da atividade turística e, sobretudo, do turismo de base comunitária. A possibilidade de conectar atores locais, áreas protegidas e visitantes é uma das estratégias da Rede Brasileira de Trilhas para contribuir com a conservação e desenvolvimento sustentável para a região amazônica, garantindo que as gerações futuras possam conhecer e valorizar esse patrimônio da humanidade.


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