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Trilha de Itaúnas: a Rede Brasileira de Trilhas chega ao Espírito Santo

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O início da sinalização e manejo da Trilha de Itaúnas, no Parque Estadual de Itaúnas, marca primeiros passos da rede capixaba de trilhas

No último sábado de setembro pintamos a primeira pegada amarela e preta na sinalização da “Trilha de Itaúnas”, no norte capixaba. Um momento histórico: a adesão do Estado do Espírito Santo à Rede Brasileira de Trilhas - RBT e o início da implantação da trilha de travessia do Parque Estadual de Itaúnas - PEI, com mais de 30 km.

A ação se deu durante a Oficina de Sinalização e Manejo de Trilhas de Longo Curso realizada pelo PEI e pela RBT, com o objetivo de capacitar e engajar pessoas para atuação na trilha de Itaúnas e na implementação de uma rede de trilhas de longo curso no Estado. Tivemos mais de 30 participantes, de Itaúnas, de outros municípios da região costeira e das montanhas capixabas.

Os instrutores Ivan Amaral (Rede Brasileira de Trilhas) e Álvaro de Souza (Parque Nacional da Tijuca/ICMBio) compartilharam conhecimento e experiências enriquecedoras. Com latas de tinta spray e moldes em punho iniciamos a aplicação da sinalização rústica nos primeiros dois quilômetros de trilha, lembrando das regras de ouro enfatizadas por Ivan: “sinalização é o carro-chefe da trilha. O turista não pode se perder”!

A Trilha de Itaúnas ligará a sede do município de Conceição da Barra à praia do Riacho Doce, passando pela Vila de Itaúnas, importante destino turístico do Espírito Santo. Será o pontapé inicial para uma trilha de longo curso cortando a costa capixaba e integrando a trilha do Oiapoque ao Chuí.

Pegada o símbolo da trilha_o rio Itaúnas, uma árvore de mangue, como dunas em alusão à roda de uma bicicleta. Foto: Acervo PEI

Seu projeto foi iniciado em 2020, quando gestores de unidades de conservação capixabas conheceram a RBT. Em abril de 2021 um grupo de trabalho foi criado reunindo usuários da trilha, sociedade civil organizada, poder público e setor privado. Nesse coletivo definimos o traçado do primeiro trecho da trilha, com 20 km, seu nome e sua pegada.

A Trilha de Itaúnas como equipamento turístico, com sinalização e manejo padronizados, começa a sair do papel. Mas os caminhos e histórias que nos levaram até ela são antigos e merecem ser relembrados.

Pelas trilhas de Itaúnas caminharam os povos originários, como os índios aimorés, dizimados em sucessivas batalhas e perseguições; por elas vagaram os negros da resistência quilombola do “Sapê do Norte”, sob a ameaça constante dos feitores. Nessas matas caminhou Zacimba Gaba, princesa angolana escravizada no Brasil, que estabeleceu seu quilombo na região do Riacho Doce e resgatou centenas de escravos atacando navios negreiros no litoral de Itaúnas.

Muito antes da existência da estrada que hoje corta a região, caminharam por suas trilhas moradores do promissor entreposto comercial de Itaúnas; pescadores de um rio com pesca farta; e os devotos de São Benedito rumo à celebração do Ticumbi na antiga Vila de Itaúnas, soterrada pelas dunas entre 1940 e 1970. 

A história do lugar ainda vive na memória dos mais velhos. Dos que viram descer pelo rio Itaúnas, às margens de nossa trilha, grandes balsas formadas por toras de madeira de lei extraídas na região. Dos que testemunharam a derrubada de florestas convertidas em pastagens e monoculturas.

A Trilha de Itaúnas desponta como oportunidade de reconexão com a história da região e um chamado à sustentabilidade. Quem se aprofunda nessa história passa a valorizar o que ainda temos e a reconhecer a importância do respeito aos povos e à natureza em nosso território, componentes essenciais para o turismo de baixo impacto.

Com isso em mente, lembremos do potencial das trilhas como instrumento de geração de renda e promoção de saúde, especialmente diante de uma pandemia que nos deixou sedentos por experiências renovadoras de contato com a natureza.

A Trilha de Itaúnas. Foto: Frederico Pereira

Nos últimos anos, o número de caminhantes e ciclistas que percorrem as florestas de Itaúnas tem crescido, mas limitado pela falta de manejo e sinalização. O projeto da Trilha de Itaúnas vem suprir essa lacuna e permitir que muitos possam contemplar as riquezas da região: o manguezal da Guaxindiba, os jardins de bromélias sob a floresta de restinga, as revoadas de papagaios-chauá, o pôr-do-sol das dunas de Itaúnas. E que outros tantos possam se engajar como voluntários no processo de implantação e manejo de trilhas de longo curso, assim como nos mutirões de restauração florestal que certamente virão.
Isso porque a oficina que fizemos nos mostrou que a restauração é um caminho natural para quem se envolve com a trilha. Durante os trabalhos de campo o tema surgia naturalmente na fala dos participantes: uma clareira a ser recuperada, um trecho de floresta aguardando o manejo de espécies exóticas. A trilha tem vida própria e nos influencia para seu bem, ou melhor, para nosso bem comum. E assim como nela plantamos uma proposta de turismo sustentável, ela plantou em nós uma semente de ânimo e motivação. Algo de valor inestimável nos tempos em que vivemos.

Assista a live da Rede Brasileira de Trilhas em parceria com ((o))eco sobre a Trilha de Itaúnas:


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A Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso possui um aplicativo oficial: o eTrilhas. Todas as trilhas estão convidadas a se inscreverem de forma gratuita na plataforma, cadastrando seus trechos no App. Esta é uma ferramenta que reúne dados das trilhas cadastradas, exibindo informações confiáveis e seguras, estimulando a visitação e fortalecendo o comércio e demais serviços existentes no entorno dos trechos.

Através do aplicativo, o usuário tem acesso a diversas informações sobre cada trilha, vendo fotos, mapas e atrativos que elas possuem. Também é apresentada uma ficha técnica para cada trecho, que inclui dados como nível de dificuldade, distância a ser percorrida, exposição ao sol ao longo do percurso, condições de sinalização, dentre outros

Além de promover a divulgação das trilhas brasileiras, o App eTrilhas ainda tem como objetivo o engajamento dos usuários na conservação e manutenção das mesmas. O visitante pode, através do aplicativo, apontar possíveis problemas encontrados pelo percurso, sinalizando diretamente aos gestores e adotantes de trechos, através de um relato. Fora isso, ainda há a possibilidade de check-in e avaliação das trilhas, bem como o compartilhamento em redes sociais, o que só aumenta a visibilidade dos trechos e coleta dados importantes para seu gerenciamento e manutenção.

Existe também uma versão paga da plataforma, permitindo aos gestores maior acesso aos dados de visitação de suas trilhas. Sendo possível visualizar uma dashboard com infográficos contendo essas informações, como o perfil demográfico dos visitantes e a natureza dos relatos, por exemplo. Há ainda a possibilidade da criação de um App customizado específico para uma Trilha de Longo Curso, como é o caso do App Trilha Transcarioca. Uma parcela de 5% dos recursos de licenciamento será reinvestida na própria Rede: inicialmente através de ações conjuntas entre a empresa e a Rede, e em um segundo momento, através de um fundo desenvolvido para receber recursos externos.

Uma série de novas funcionalidades está prevista para chegar ao App nos próximos meses. Dentre elas, destaca-se a inclusão de prestadores de serviço e outros agentes econômicos situados nas proximidades das trilhas e Unidades de Conservação país afora. Dar visibilidade a produtos e serviços locais faz parte de uma estratégia de geração de emprego e renda para as comunidades, proporcionando o desenvolvimento sustentável e integrado de todos que fazem parte da nossa Rede Brasileira de Trilhas.

As trilhas devem fazer seu cadastro gratuito no link abaixo, para receberem uma autorização de acesso ao sistema administrativo, onde poderão incluir e editar conteúdo. Para obter mais informações, os gestores também podem contatar diretamente a Paula Rascão, responsável pela plataforma.

Link para cadastro:

https://conteudo.etrilhas.com.br/landing-cadastre-se-gratuitamente

Contato: Paula Rascão – (21) 99934-1086 / Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Site Institucional: https://www.etrilhas.co


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